terça-feira, 26 de novembro de 2013

Não vejo mais o cais, só Deus e eu agora!!

A minha vida é do Mestre
Meu coração é do meu Mestre
O meu caminho é do Mestre
Minha esperança é meu Mestre.
A Deus eu entreguei
barco do meu ser
E entrei no mar a fora
Pra longe eu naveguei
Não vejo mais o cais
Só Deus e eu agora.
A minha vida é do mestre
Meu coração é do meu Mestre
O meu caminho é do mestre
Minha esperança é meu mestre
Na solidão da lida
Eu pude perceber
O quanto Deus me ama... (Deus me ama, ah...)
As ondas grandes vêm
Tentando me arrastar
Pra longe da presença.
A minha vida é do mestre
Meu coração é do meu mestre
O meu caminho é do mestre
Minha esperança é meu mestre

Essa música durante o início de minha enfermidade passou a ser a trilha sonora de minha vida. Especialmente a parte que diz:  não vejo mais o cais, só Deus e eu agora...
Falar de Deus quando está tudo bem em nossa vida é muito fácil! Mas experimentar a solidão e ver a vida se esvaindo como areia por entre os dedos é muito difícil. Porque exige de nós um abandono nos braços de Deus.
Pensava em meus filhos, minha esposa, minha família! Como eles ficariam sem mim? Muitas madrugadas, levantei e fui para a janela do Hospital Primavera. A cidade toda se enfeitando para o Natal, e um vento que entrava uivando e assanhando meus cabelos com violência. Naqueles dias para mim, a morte era iminente! Via isso na expressão cerrada dos médicos,, de minha esposa, dos amigos que foram me visitar! Ninguém nunca "falou" nada, mas cada gesto, cada expressão me dizia isso!
Passei a sentir uma falta de ar que me obrigava a buscar o ar lá no fundo do peito, numa respiração ofegante, sofrida. Meu pensamento se voltava pra Dudinha que havia dias que não a via!
Sei da gravidade de minha doença. Cada sessão de hemodiálise representa uma vitória pequenina na grande batalha pela vida!
Mas vale a pena viver e celebrar a vida! A ideia da morte sempre foi presente em minha vida! Perdi dois irmãos em situações dramáticas! Meu irmão Odir, em 1992 de acidente de caminhão, na antevéspera de ano novo. Foi um choque para toda a família. Filhos pequenos, sonhos dilacerados e uma dor que demorou a amenizar em nossos corações. Meu irmão Bené ainda mais sofrido para todos nós! Um suicídio doloroso que para nós até hoje ainda dói! Era meu companheiro de todas as horas. Em minha vida de solteiro curtíamos sentar numa mesa de bar para conversarmos a noite inteira, tomando cerveja, brincando, rindo, tocando violão. A sua morte foi uma tragédia! Sofremos muito até hoje e secretamente sinto culpa por não ter percebido toda a tormenta que havia em sua alma para tamanha loucura!
Depois disso,o meu Trabalho de Conclusão de Curso versou sobre o tema: "A morte no contexto escolar". Li praticamente toda a obra da Drª Elizabeth Kubler Ross, que procura analisar os diversos cenários que envolvem o contexto morte. Esse trabalho suscitou discussões acaloradas, pois tratava de um tema praticamente inédito na educação. Como sempre, fui alvo de críticas e polêmicas,( como sempre em minha vida!).
O assunto morte não é capaz de me assustar! Sem falsa modéstia! O que me preocupa são meus filhos, especialmente Dudinha!
Mas se ela vier para mim, tenho que acreditar que Deus cuidará de tudo! 
Se isso acontecer, com certeza: não vejo mais o cais, só Deus e eu agora!!

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