terça-feira, 8 de abril de 2014

Um homem do seu tempo! Homenagem ao meu pai!


Hoje, 08 de abril de 2014, ficará marcado em nossa memória como um dia triste pela morte de meu pai, Odyr  Vaz da Costa.
Falar de alguém que morre deixa sempre a impressão de que a morte suaviza características negativas e destaca apenas as características positivas.
Dito isto, ressalto apenas que meu pai foi um homem do seu tempo! Não foi um santo, nem tampouco um herói! Apenas um homem na exata medida do que a palavra remete.
Ouvi muito de suas histórias sempre recheadas de expressões fortes! De como de caçador e matador de passarinhos, se tornou um intransigente defensor da natureza! Contou-me  que um dia, plena Sexta-feira da Paixão, depois de ter matado uma ave, por volta do meio-dia, sentiu por dentro uma "gastura", um sentimento que foi aos poucos o tomando e deixou ali a sua caça, tendo a partir daquele dia abandonado o mau hábito de caçar e matar pássaros! Desde então, dedicou quase o resto da vida a plantar árvores, girassóis e defender com veemência a fauna e a flora. Que transformação de vida fantástica!
Ouvi-lo era uma festa quando criança! Gostava de ensinar e se utilizava de suas experiências de vida para passar as suas mensagens! Se encontrasse alguém com disposição para ouvi-lo não perdoava!
Lembro-me dele, sentado comigo na calçada, respondendo às minhas perguntas que não eram poucas nem fáceis: de onde vem o petróleo? Como viemos ao mundo? Quem era Deus? Ele sempre tinha uma resposta pronta.
Aprendi a gostar de plantar com ele, acocorado no chão e ouvindo suas explicações cheias de ênfase! Hoje acredito que muitas delas eram totalmente desprovidas de realidade. Mas em sua boca viravam verdades imutáveis!
Aprendi com ele a olhar para um vazio qualquer e onde ninguém enxergava nada ele enxergava um sonho: ali vou encher de bananeiras! vai ser uma beleza! Ninguém conseguia ver aquilo só ele!
As músicas de Vicente Celestino (que ele sempre dizia ter apenas um pulmão!) aprendi a ouvir com ele! E ficava contente quando as cantava. Os hinos brasileiros, dobrados e especialmente a Canção do Marinheiro eram cantados e assoviados com gosto por ele. Acredito que a Canção do Marinheiro por conta do meu irmão Bené ter servido à Marinha Mercante durante a sua juventude.
Tenho lembranças muito vivas de meu pai correndo na praia comigo e meus irmãos, "apostando corrida" que sempre perdíamos.
Tenho muitas e boas lembranças e as quero sempre comigo! Não quero lembrar do quanto o Mal de Alzheimer roubou de seu legado, transformando-o num velho rabugento e mal educado! Às vezes agressivo, teimoso! Meu pai nunca foi aquilo! Eram comportamentos gerados pela doença!
Nos últimos dias quatro pessoas levaram o peso de cuidar dele: Minha mãe Zezé, minha cunhada Zefinha, meu irmão Graciano e minha irmã Lili!
Minha mãe fez o que estava ao seu alcance para mantê-lo bem nutrido e limpo! Cuidando de sua comida, medicamentos e roupas.
Minha cunhada Zefinha era presença constante e sempre muito paciente e atenciosa com ele. Deus por certo a recompensará por tudo.
Meu irmão Graciano, teria tanto a te dizer a começar pelo teu nome: Vem de Graças, e isso me remete a minha devoção a Nossa :Senhora das Graças. Seu nome é sinal da graça divina e bendita a família que tem um irmão como você. Obrigado de coração por tudo o que fez por nosso pai!
Minha irmã Lili, fazer tudo o que você fez, abrir mão de conquistas há muito esperadas, mesmo não tendo seu esforço reconhecido e valorizado é a maior prova de amor que um ser humano pode dar a outro! Nesses casos, só Deus pode recompensar! Por isso, levante a cabeça, você fez o seu melhor! Hoje, onde nosso pai estiver, ele estará sabendo!
Aos meus irmãos, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, mais uma vez a morte bateu em nossa porta! Precisamos entender que mensagem ela veio nos trazer! Ela virá outras vezes! Procuremos viver mais em sintonia uns com os outros. Problemas são comuns em todas as famílias, mas precisamos nos reunir mais, conversarmos mais, apoiarmo-nos mais. Valorizar essa família que tem em seu tronco duas figuras singulares: Odyr e Zezé. Duas pessoas de alto valor e ensinamentos para todos nós!
Quando adoeci em 2012, lembro-me do meu pai no hospital indo me visitar; suas roupas já não cabiam em seu corpo e seus olhos mostravam a sua preocupação com o meu estado. Quando sai do hospital, ele se ofereceu para ficar comigo nas sala da hemodiálise! Não pode pai! disse a ele, e vi uma expressão de desapontamento em seu rosto!
Agora pode pai! Fica comigo todas as noites em espírito!
Bença pai!
Fique com Deus

5 comentários:

  1. Seu Pai foi, e sempre será um grande Homem, exemplo de coragem e determinação... Pessoa sábia...
    Ir a sua casa, e ouvir suas histórias, eram momentos valiosos, e incansáveis... Feliz quem pôde ouvi-las, e aprender com elas... Até na fase de seu alzheimer, contava-nos histórias inspiradoras...
    O Inácio Barbosa, teve o prestígio de uma praça linda, tranquila e arborizada graças a Ele (que até pagou caro, para conseguir trazer legalmente uma seringueira da Amazônia)... :))
    Pernambucano mais Sergipano que conheci :)) poucos sergipanos fariam o que ele fez...
    Tenho certeza que estás em um bom lugar, e sempre guiando os que ama... descanse em paz...

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  2. Obrigado Jeje! A certeza de que Deus foi generoso conosco deixando que ele ficasse tanto tempo conosco. Obrigado pelo carinho e pela delicadeza do gesto!

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  3. Lúcio lhe conheço a pouco tempo mas lhe admiro cada vez mais🙏🙏

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  4. Me emocionei muito com a história de seu pai relatada por vc.E todos os dias eu agradeço a Deus,por meu pai está entre nós com seus 82 anos e com uma saúde de ferro.Te admiro muito Lúcio apesar de não te conhecer pessoalmente.

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